EM BREVE TEREMOS NOVIDADES.
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30 de jan. de 2015
Filhos, presente de Deus!
O dia cheio finalmente chega o fim. A jornada acaba de forma forçada, pois há muito ainda a se fazer. Insiro os últimos jobs, apago as luzes e fecho a agência.
Desço o elevador pensando alto em todos os itens que eu teria que dar conta no dia seguinte (reunião, peças, campanhas, entrega de filme, produção de outdoor e spot, orçamentos, mídias, solicitações de última hora, mais reunião...).
Entro no meu carro, mas não saio do lugar. Puta trânsito selvagem. Conseguir passagem é quase uma guerra épica. Enfim entro. Mais 10 metros, um sinal.
Paro e aproveito para olhar as minhas mensagens no whatsapp. Como antídoto para o meu cansaço, escuto uma mensagem de voz enviada pelo meu filho através do celular da babá: "mamãe, você está chegando, mamãaae?". (Adoro quando tem 'mamãe' duas vezes - ou mais - numa mesma frase! Rsrs).
Pensem numa voz linda, linda, liiiiinda, num "mamãe" falado de forma tão rendonda, bem pronunciada; pensem na ênfase dada à entonação do segundo "mamãe"; agora pensem no que representou essa voz pra mim naquele momento de stress.
Dirigindo, ouvindo a vozinha sequenciadas vezes, como num
mantra, a emoção tomou conta de mim. Chorei.
Ouvir a voz do meu filho e saber que ele está me esperando em casa, cheio de amor e saudade, me faz achar que todo dia valeu a pena e que todo resto é menos importante do que eu achava que era minutos atrás; que as minhas chateações para as coisas que não deram certo durante o dia são tão pequenas, comparadas à felicidade de tê-lo à minha espera. Me faz ver que o mais importante está dentro de mim, me pertence, está muito bem acomodado na minha vida. Não está no externo.
Tenho os meus filhos como amuleto e agradeço diariamente a dádiva de tê-los.
Se Deus realmente existe, penso que filho é a melhor representação dele. É a oportunidade que Ele nos dá de crescermos.
Sem saber e sem sentir, o filho orienta a nossa vida. Ele traz muito aprendizado. Ele traz muitas oportunidades para gente ser, a cada dia, uma pessoa melhor. Ele traz oportunidades para amar, para cuidar, para perdoar, para ter mais paciência, mais coragem, mais força, mais generosidade.
Pais são veículos para o nascimento dos filhos e os filhos são meios para o crescimento dos pais.
Filho é com quem a gente se testa, com quem a gente se prova, com que a gente supera os nossos limites, com quem a gente aprende a amar incondicionalmente, com quem a gente erra e com quem a gente se chateia também. É por quem a gente mais fica feliz e mais sofre também, pois nada afeta mais uma mãe (e um pai) do que o filho. Nada nos deixa mais feliz do que um momento feliz com o nosso filho. Nada nos aperta mais o coração que o sofrimento de um filho.
Filho... dizem os espíritas, que é uma escolha que você faz, um pacto. Você escolhe vir para esse mundo de doido e ser veículo, ser meio, para que outras pessoas venham cumprir suas missões, enfim... Os filhos escolhem os pais antes de nascerem e vice-versa. Se for isso mesmo, eu escolhi ser mãe da Rafa e do Rô antes mesmo de decidir engravidar.
É uma relação pre existente. Imagina o quanto isso é forte. Imagina o simbolismo que isso carrega. Imagina o quanto isso é intrínseco, o quanto isso é visceral. O quanto é forte, o quanto mexe com todos os sentidos conscientes e inconsistentes que nos norteiam (ou nos desnorteiam).
Um dos momentos mais marcantes e comoventes da minha vida aconteceu um pouco antes de trocar de país, de retornar ao país, de trocar de estado e dois anos antes de pensar em ter filhos. Uma amiga que jogava tarot me falou: "Eles estão prontos. Seus filhos só estão esperando que você decida a melhor hora". Fiquei perplexa... Eles? Fiquei emocionada... Que honra ser escolhida! Fiquei feliz... Sejam bem-vindos!
Estamos juntos hoje.
Não sei qual será a motivação de vida deles, mas sei que a minha vida ganhou muito mais sentido, razão e ainda mais emoção com a chegada deles.
Fico procurando razões para explicar tamanho grau de envolvimento entre pais e filhos. Talvez seja mesmo algo que transcenda à nossa existência. Essa relação (e o sentimento oriundo dela) jamais conseguirá ser verbalizado na íntegra, racionalizado. É puro amor. É pura essência. É puro mistério.
As palavras não alcançam.
Filho aquece a alma
Incendeia o coração
Explode a emoção
Transborda calor
Filho é astro Rei
Ilumina os nossos sentidos
Burla a nossa razão
E usa como maior trunfo o amor.
Finalmente, chego em casa. Recebo os abraços apertados, os beijos sequenciados e os mais abertos sorrisos esperados por todo um dia.
Bons sentimentos dissipam qualquer ressentimento. Esqueço tudo. Fica apenas o que realmente importa. Somos nós, sem interferências externas. E, nesse momento, somos plenos, capazes, serenos e felizes.
Inútil tentar explicar.
Basta sentir e aproveitar.
15 de set. de 2014
Nú de Botas
O post de hoje nada mais é do que um convite. Um passaporte ao universo infantil. Mas não aquele conduzido por um adulto. O passeio é feito sob o ponto de vista de uma criança. Pois, vamos falar a verdade, não tem nada mais rico, mais interessante do que o universo infantil, né mesmo?
Hoje, no auge da nossa vivência adulta, pouco conseguimos lembrar, com detalhes, o mundo de sentimentos que vivemos quando éramos crianças. São sensações, emoções, questionamentos... Descobrir que a vida não é tão óbvia quanto parece (ou, aos olhos infantis, deveria ser) é um misto de frustração e fascinação.
Em "Nú, de botas", Antonio Prata volta a ser criança para contar, numa narrativa cheia de bom humor, algumas maravilhosas passagens da sua infância, nos fazendo relembrar, em cada linha deliciosamente bem escrita, memórias, sentimentos e sensações da nossa própria infância.
No formato de pequenas crônicas, o livro nos diverte, nos emociona e nos convida a revivermos o passado. Os textos são organizados de forma a gerar uma lineraridade, ao mesmo tempo que possuem certa independência entre si. São impagáveis estórias, começando por Gênesis, onde Antonio narra o princípio da sua percepção de mundo, mostrando pra nós (ou nos fazendo lembrar) como o mundo funciona nessa fase; passando pelo esconderijo secreto (afinal, quem nunca teve um cantinho secreto, onde pensava estar completamente invisível e inume à qualquer intempérie da vida?); o medo do vexame público de fazer cocô nas calças; a recompensa inigualável do sorriso arrebatador da nossa mãe; as primeiras traquinagens e o medo de ser descoberto; a disputa pelos brinquedos e instantânea ascensão social promovida por ele ; a missão estressante de acompanhar os adultos em eventos chatos; o fascínio por usar botas (considerando esse o único utensílio de super-herói que você pode usar com qualquer roupa, sem parecer estar fantasiado); a recusa em usar cuecas; o processo de alfabetização (na hilariante passagem 'Cá, cé, cí, có, çú'); a descoberta que cada casa se comporta diferente ('tenho pena dos outros, hereges, vivendo de modo errado'); as diferenças entre o certo e o errado quando se era criança naquela época (década de 80); o primeiro namoro, que era iniciado com um bilhetinho de múltipla escolha no qual era possível optar por ( ) sim, ( ) não, ( ) talvez. Quem nunca? Rsrs… Destacando-se a passagem Blowing in the wind, mas aí só lendo para crer! Rsrs
Nem de longe o livro tem a pretensão de educar pais, mas de tão envolvente que é, nos comove e produz o benéfico efeito colateral da cumplicidade infantil.
"Nú, de botas", certamente, já está na lista dos melhores livros de 2014. Pena que dura apenas uma bela tarde de prazer.
Esse é daqueles livros que faz você querer agradecer pessoalmente o autor pelos ótimos momentos compartilhados. Obrigada, Antonio.
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