No dia em que o conselho tutelar nos avisou que tínhamos ganho a guarda provisória foi uma festa. Muita emoção. Achamos melhor irmos no dia seguinte, porque assim poderíamos passar na escola em que eles estavam estudando e pegar a transferência.
A despedida do abrigo foi emocionante e triste ao mesmo tempo. Muitas crianças que estavam lá queriam ter a mesma sorte deles e irem para um lar. Eles vieram com pouquíssimas roupas, daí tivemos de comprar de urgência. Como somos marinheiros de primeira viagem, fomos ao shopping mais próximo de casa e que frequentamos. Conselho: nunca façam isso. Mas não tínhamos outra opção. Não sabíamos as numerações deles. Pagamos caro, mas compramos emergencialmente de toalhas de banho a vestido. Passando por meias, cuecas e calcinhas.
As compras seguintes foram mais tranquilas e bem menos dispendiosas. Risos. A gente aprende. Aprendemos que temos de dividir as roupas de ficar em casa das roupas de sair. E criança gasta muita roupa mesmo. Outra coisa que descobrimos é como roupa infantil é cara.
Queríamos muito saber o porquê. Muitas vezes é mais cara que roupa de adulto.
Os primeiros dias com as crianças em casa foram amistosos. Nem nós sabíamos como tratar direito, nem as crianças sabiam como nos tratar. E começaram a nos chamar de tio, ou pelo nome mesmo. A Maria Eduarda, que tem 5 anos, come de tudo, o Isaías, de 10 anos, que não gosta de tudo.
Nesse início, eles comiam muito e muito rápido. Chegaram a passar mal. Conversamos com eles que não precisavam fazer assim e que comessem o necessário e se quisessem depois poderiam comer. E quando fosse comer, que comessem devagar.
Desde então, ficamos sempre de olho neles com relação à refeição, às comidas fora de hora. Eles não são muito fãs de refrigerantes, adoram suco e frutas, o que tem nos facilitado bastante.
A convivência tem sido bastante divertida, gratificante, enriquecedora e muito mais. Apesar de estarmos juntos há mais ou menos dois meses, parece que eles sempre estiveram em nossas vidas. Sempre.
Marcelo Dalcom
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