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9 de jun. de 2014

Porque pai é tão importante quanto mãe



Falo muito em ser mãe. Da mágica, da entrega, da culpa, das dificuldades, do amor descomunal e da intensa realização. Como disse Fiorella Mannoia, cantora italiana, no belo show que assisti ontem no teatro Castro Alves, "toda mulher é um pouco mãe".  Mas será que eu posso dizer a mesma coisa dos homens? Será que a praticidade do homem deixa espaço para a complexidade que é exercer a paternidade? Será que o imediatismo conversa com a paciência?

Tenho lindos exemplos que mostram que a paternidade é sublime também e exercida com muito amor e dedicação. Pais presentes, atenciosos, generosos, carinhosos e conscientes da enorme importância que têm na vida dos seus filhos. Porque ser pai é tão importante quanto ser mãe. Porque cuidar é tão vital quanto parir.

Olho para mim e vejo a tamanha importância que o meu pai teve (tem e sempre terá) na minha vida. Da escolha da profissão, ao gosto literário, passando pela música, culinária, viagens, bom humor e o jeito simples de enxergar a vida, de ver beleza em tudo. Pessoa queridíssima pelos amigos e amor insubstituível na minha vida. Meu pai, minha referência, minha inspiração. Não consigo imaginar a minha vida sem a intervenção dele. Esse post é uma declaração de amor a ele e um reconhecimento a todos os homens que se dedicam com amor e maturidade aos seus filhos.

Nós, mulheres, precisamos aceitar que ser mãe é sublime, mas não substitui o papel do pai. É preciso compreender o espaço que deve ser ocupado pelo pai, é preciso confiar e, às vezes, é preciso até solicitar a presença do pai. É comum as mães assumirem tudo sozinhas e excluírem o pai da intimidade com os filhos. Erro clássico, eu mesma fiz parte dessa estatística. Lembro do drama que eu passei quando o pai dos meus filhos quis viajar sozinho com Rodrigo. De cara, falei não. Ele retrucou, insistiu. Clima de tensão no ar. Pior, a viagem aconteceria no dia seguinte. De supetão, me pegou de surpresa.

Pensar na possibilidade de ficar longe do meu filho, espremia o meu coração até a última gota. 3 noites e 4 dias longe do meu filho era algo muito longe de qualquer possibilidade que eu pudesse suportar. Parece exagero? E quem algum dia ousou dizer que o amor de uma mãe por seu filho era menor que o maior exagero do mundo? Amor de mãe é mais do que exagerado: não tem limites. Sofri, chorei, fiquei insegura, ansiosa... Pirei.

Mas não podia proibir uma iniciativa tão apaixonada (e corajosa) do pai de viajar sozinho com o seu filhinho de apenas um ano e sete meses. Era preciso confiar, dar espaço. A solução foi: intensivão nele e avaliação final. Um dia sem babá, assumindo sozinho todas as tarefas, desde o preparo da papinha até o soninho, passando pelo banho, escovação de dentes e todas recomendações...  Amor, dedicação e confiança. E eu me rendi. Mas não sem resistência - o coração continuava divido com todos os sentimentos confusos dessa primeira separação, mas ao mesmo tempo sabendo que não tinha o direito de furtar essa rica experiência deles.

Malinha pronta e lá fomos nós. A despedida no aeroporto foi típica: mamãe aos prantos e filho indo embora, tranquilão, sem nem olhar pra trás. A viagem foi ótima. Soninho, leite e fralda... A recepção na Bahia foi cheia de carinho e o dia cheio de novidades. Os dois se saíram super bem. Ao final dessa turbulência de sensações, a única palavra que podia expressar o meu sentimento era orgulho. Orgulho do pai que buscou esse desafio. Orgulho do filho que se permitiu vivenciar essa experiência tão nova com toda receptividade. E orgulho (por que não?) da mãe que, apesar da insegurança, fez a escolha certa.

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A carta abaixo, apesar de não ter sido escrita pelo meu pai, tem a sua caligrafia e o seu sentimento.

Querida filha,

Recentemente sua mãe e eu estávamos procurando por uma resposta no Google.  No meio do caminho de fazer a pergunta, o Google retornou uma lista com as buscas mais comuns no mundo. Empoleirado no topo da lista estava "Como mantê-lo interessado". Isso me assustou. Eu examinei diversos dos incontáveis artigos sobre como ser sexy e sensual, sobre quando trazer para ele uma cerveja versus um sanduíche, e os modos de fazê-lo se sentir inteligente e superior. Aí eu fiquei zangado.

Pequena, não é, nunca foi nem nunca será sua a tarefa "mantê-lo interessado". Filha, sua única tarefa é saber, bem no fundo de sua alma - naquele lugar inabalável que não está sujeito à rejeição, à perda e ao ego - que você vale o interesse... Se você confiar no seu valor dessa maneira, você vai ser atraente no sentido mais importante da palavra: você vai atrair um garoto que é ao mesmo tempo capaz de se interessar e que quer passar sua vida investindo todo o seu interesse em você. Pequena, quero dizer-lhe sobre o menino que não precisa que seu interesse seja mantido, porque ele sabe que você é interessante.

Eu não me importo se ele coloca os cotovelos sobre a mesa de jantar - contanto que ele coloque os olhos na forma como o seu nariz fica espremido quando você sorri. E aí ele não consegue parar de olhar. Eu não me importo se ele não puder jogar um pouco de golfe comigo - contanto que ele possa brincar com as crianças que você der a ele e deleitar-se em todas as formas gloriosas e frustrantes, o fato deles serem como você. Eu não me importo se ele não tiver a carteira cheia - contanto que ele tenha o coração cheio e que este sempre o leve de volta para você. Eu não me importo se ele é forte - contanto que ele lhe dê espaço para exercer a força que está em seu coração. Eu não poderia me importar menos em como ele vota - contanto que ele acorde todas as manhãs e diariamente a eleja para um lugar de honra em sua casa e para um lugar de reverência no coração dele. Eu não me importo com a cor de sua pele - contanto que ele pinte a tela de suas vidas com pinceladas de paciência e sacrifício, vulnerabilidade e ternura. Eu não me importo se ele foi criado nesta religião ou naquela religião ou sem religião -  contanto que ele tenha sido criado para valorizar o sagrado e saber que cada momento da vida, e cada momento da vida com você, é profundamente sagrado.

No final, Pequena, se você tropeçar em um homem como esse, e ele e eu não termos mais nada em comum, teremos a coisa mais importante em comum:

Você.

Porque no final, Pequena, a única coisa que você deve ter que fazer para "mantê-lo interessado" é ser você.

O cara eternamente interessado,

Papai

Crédito: http://drkellyflanagan.com/2013/04/17/a-daddys-letter-to-his-little-girl-about-her-future-husband/







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