O texto (anexo) é lindo. Fala dos diferentes tipos de mãe.
Fiquei pensativa. Comecei a me questionar.
Li os comentários referentes, buscando uma saída.
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O que eu escreveria?
Que tipo de mãe sou eu?
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Sempre tive ajuda: babá, (ex) marido, mãe (ficou o primeiro mês comigo em SP). Mesmo com toda ajuda, tinham coisas que não podiam ser delegadas.
Coisas que só a mãe resolve.
É a amamentação que nutre, é a voz que passa segurança, é o cheiro que conforta, é o colo que acalma o choro. É a mãe.
Sempre fiz questão de estar presente em todos os momentos importantes, inclusive nos momentos de dor. Vacinas, furar orelhinha, tirar sangue... Dá licença que é a mamãe que segura. Achava, e acho, importante que eles vejam que estarei sempre ao lado deles, que nos momentos de dor a mamãe sempre estará ali, segurando a mão deles. Que não dá para anular a dor, mas que dá pra passar segurança e conforto. Que sofrer às vezes é necessário, mas é passageiro.
Sei que é difícil tirar um tempinho só pra gente. Ainda mais quando se é mãe de gêmeos. Passava 17 horas ininterruptas numa poltrona de amamentação. Nas outras horas tratava de me cuidar, curtir o marido e... dormir!!
Na maioria das vezes não conseguia dormir mais de duas horas seguidas, mas tentava! Fechava a porta do meu quarto, deixava o leitinho fresco e pedia ajuda: "Marido, babá, por favor, preciso dormir, descansar". Sabia que isso era necessário para me recompor, produzir leite e ter uma relação saudável com os meus filhos.
Sempre encarei que os meus filhos não eram um fardo e sim uma benção. Então, não era pra sofrer e sim pra ser feliz. Depois de uma consulta ao pediatra, onde ele me viu exausta, muito angustiada por não aceitar entrar com o complemento da amamentação, ele me alertou: "aceite ajuda, tente descansar para curtir os seus filhos. Uma mãe estressada, exausta, não irá fazer bem para o filho".
Os meus filhos sempre me trouxeram só felicidade. Me cerquei de cuidados e de ajuda e tratei de relaxar!
Aos 4 meses, mesmo com o coração na mão, voltei a trabalhar. Conseguia voltar para amamentar no almoço, saia mais tarde de casa e mais cedo do trabalho. Uma rotina flexibilizada em função dessa adaptação.
Um mês depois, Rodrigo não quis mais o peito e, mais um mês, foi a vez da Rafa. Isso doeu... Chorei, como nunca tinha chorado. Nunca chorei de desespero, de achar que não ia dar conta. Chegava ao meu limite do cansaço, mas era suportável. Mas o desmame foi arrebatador. Dois dias chorando e culpando a minha vida profissional. Depois vi que era a evolução natural das coisas. Que eles estavam crescendo e já tinham outras necessidades.
Sempre me trabalhei para não ser uma mãe neurótica. Mas culpa sempre esteve ao meu lado. No último mês de gestação, o meu obstetra me falou: "Olivia, sempre que um bebê nasce, vem com ele o sentimento de culpa. Está incluso no pacote, esteja preparada pra isso". É a mais pura verdade!! rs
Me sentia culpada por não estar 100% dedicada a um filho, visto que, ao mesmo tempo, eu tinha outro precisando da mesma atenção. Tinha culpa por trabalhar fora e ficar longe dos meus filhos durante o dia... Posso dizer que sou muito realizada como mãe e como profissional, mas a culpa sempre esteve do meu lado.
Ainda estou aprendendo a lidar com ela. Estou aprendendo que é preciso me dividir e me multiplicar. Adoraria poder levar e buscar os meus filhos todos os dias na escola. Adoraria almoçar diariamente com eles. Adoraria sempre dar banho neles. Mas tenho que reconhecer que não posso, que preciso de ajuda.
Em contrapartida, tomo café da manhã com eles, falamos durante o dia e à noite o meu tempo é nosso. Falamos sobre como foi o dia. Como foi na escolinha, tudo que aconteceu. Trocamos presentes (normalmente, flores rs). Lemos livros, desenhamos, assistimos algum filme, brincamos de Lego, fazemos teatrinho... Escovo os dentes, os ponho na cama, conto estorinhas... Eles dormem e eu sigo feliz.
Não tem felicidade maior que começar e terminar o dia com os meus filhos. O que acontece nesse meio tempo só alimenta a nossa vontade de ficar junto e o nosso repertório de vida. Hoje vejo que é importante também essa separação. Para que eles se desenvolvam em outras comunidades (escola, natação, amiguinhos...) e para que eu me realize profissionalmente. O que eu faço, como eu me comporto, o que eu leio, o que eu digo e o que eu vejo são também heranças, referências importantes, que eu deixo para os meus filhos.
3 anos se passaram nessas linhas acima. Com eles eu vivi muito mais coisa do que nos outros 31 somados. Engravidei, me despedi do meu pai, virei mãe, conheci o amor incondicional, aprendi a conciliar a maternidade com a profissão, me separei, mudei de estado, de casa, de emprego... Aprendi bastante e vejo que esse não é nem o começo.
Tantos desafios bons pela frente. As crianças estão cada dia mais gostosas e eu amo cada vez mais a maternidade! Ela me ensinou que eu tenho que estar bem comigo para estar ainda melhor com os meus filhos. Obrigada, crianças, vocês me ensinam, me alegram e me fazem melhor sempre.
Ah...! Que mãe eu sou?
A que eu consigo ser. Com todo o meu amor e com toda a minha culpa. E com a compreensão de que não precisa ser perfeito para ser ótimo.
http://www.macetesdemae.com/2014/04/carta-de-uma-mae-que-trabalha-fora-para-uma-mae-em-tempo-integral-e-vice-versa.html
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